Era de Aquário
Quando você estiver lendo isso, eu provavelmente estarei
desembocando em outras bocas que não a tua. E, com sua rigidez, é provável que
não me entendas. Eu não peço para que o faças. Nem eu mesmo tenho essa
capacidade. É só que - salvando a cota de egoísmo que me é preservado, mas
longe de qualquer narcisismo sentimental - eu preciso correr meu caminho.
Nessa sequência de enganos que resolvi cometer na vida, você, que poderia ser a correnteza certa para mim, emergiu nos mais impróprios dos momentos. Talvez em outro ciclo de marés de sorte eu seria mais convidativo. Mas, my dear, nesses tempos líquidos eu não posso ser contido.
Eu gosto da aguardente que chove em mim e rega a flor da minha pele, me fazendo querer ser sinuoso pelos ralos do mundo. Eu me banho nos pecados oferecidos e deságuo nos braços da morena de lábios torrenciais e cabelos ondulados. Eu alago outras camas com meu orgasmo e me navego pelas noites de danças dessa cidade. E o pior: eu não sinto culpa por lavar todos os desejos que jorram de dentro de mim.
Por mais que enxugue tuas lágrimas e seque tuas mágoas, eu não posso negar que, enquanto tu me oferece porto seguro, eu sou geleira desgarrada, me isolando e buscando oceanos impossíveis de serem pacíficos. Querida, eu sou tortuoso, com incertezas que formam cascatas em meu peito desde de minha nascente. Sou turvo muitas vezes, de complexidades canalizadas, e outras tantas sou tão límpido que soo impróprio para gostos sensíveis. Tenho minhas turbulências que impossibilitam a calma viagem e nunca proveria o seu passeio sossegado de pedalinho em meu peito agitado.
Me desculpe meu bem, mas você, mergulhadora iniciante e que vê em mim o desafio de novas profundidades, nunca poderia me descobrir sem se afogar nos meus erros. Como posso pedir que me entendas se queres me pôr barragens enormes e, como um lago morto, me impedir de vazar para a liberdade?
Nessa sequência de enganos que resolvi cometer na vida, você, que poderia ser a correnteza certa para mim, emergiu nos mais impróprios dos momentos. Talvez em outro ciclo de marés de sorte eu seria mais convidativo. Mas, my dear, nesses tempos líquidos eu não posso ser contido.
Eu gosto da aguardente que chove em mim e rega a flor da minha pele, me fazendo querer ser sinuoso pelos ralos do mundo. Eu me banho nos pecados oferecidos e deságuo nos braços da morena de lábios torrenciais e cabelos ondulados. Eu alago outras camas com meu orgasmo e me navego pelas noites de danças dessa cidade. E o pior: eu não sinto culpa por lavar todos os desejos que jorram de dentro de mim.
Por mais que enxugue tuas lágrimas e seque tuas mágoas, eu não posso negar que, enquanto tu me oferece porto seguro, eu sou geleira desgarrada, me isolando e buscando oceanos impossíveis de serem pacíficos. Querida, eu sou tortuoso, com incertezas que formam cascatas em meu peito desde de minha nascente. Sou turvo muitas vezes, de complexidades canalizadas, e outras tantas sou tão límpido que soo impróprio para gostos sensíveis. Tenho minhas turbulências que impossibilitam a calma viagem e nunca proveria o seu passeio sossegado de pedalinho em meu peito agitado.
Me desculpe meu bem, mas você, mergulhadora iniciante e que vê em mim o desafio de novas profundidades, nunca poderia me descobrir sem se afogar nos meus erros. Como posso pedir que me entendas se queres me pôr barragens enormes e, como um lago morto, me impedir de vazar para a liberdade?
Posso estar longe da minha translúcida lucidez e minha foz será clamando por ti em uma fossa ou bebendo os fundos dos poços.
Não me enxergue como quem te afoga durante o sonho de amor, mas...
Não me enxergue como quem te afoga durante o sonho de amor, mas...
...mas hoje eu transbordo minhas margens e você é de Aquário.
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