Lacuna
Sobre perceber que não pertencemos nem somos pertencidos. 1º ato: Des ejo remanescente Como uma prece pagã, te recitava entre gemidos inexpressíveis e gritos incaláveis na esperança de invocar tua reencarnação. O acaso enterrou teu corpo longe dos meus olhos, mas meu desejo persistia em teu encalço. E por que não persistiria? Abruptamente me deixaste de lado, como quem sem motivo aparente abre a porta d o carro em movimento e empurra para longe de si o passageiro, permitindo que esse levasse em seu tombo apenas uma mala com promessas, projeções e P olaroids. Seu termo forçado obrigou a abreviar o que inocentemente ou pecaminosamente desejava de ti. Orava por tua presença astral como pura beata ao mesmo tempo que implorava teu contato físico como uma amante masoquista. Enquanto não te ressuscitava, me martirizava por perder-te. "Por que não te disse isso antes?", "Por que não te encontrei mais?", "Por que exaltei o tempo e evitei de falar contigo?...