Fugitivo.
Acordei. Olhei para as manchas luminosas que vinham da direção da janela. Minha vista embaçada não me permitia observar as coisas com detalhes. Foi aí que olhei para o lado da suíte, que fica próximo do lado esquerdo da cama. Lá, com a porta aberta, uma silhueta feminina se desenhava por entre a fumaça de vapor d'água, as curvas que Oscar Niemeyer desenhara toda a vida resumidas naquelas sinuosas voltas. Na silhueta jazia você, que acabara de tomar um banho quente e abria a porta de vidro do boxe. Levantei o tronco e sentei na cama. Voltei as pernas para o lado de fora e coloquei o chinelo. Saindo da cama, coberto apenas por uma boxer, me dirigi ao banheiro e te abracei, do jeito que estavas, nua e molhada. Você, sem entender ou saber o que fazer (acredito eu), ficou estática, imóvel. Olhei no seus olhos claros, daquela cor que eu nunca saberei diferenciar. Queria te segurar mais forte ainda, como se minha vida dependesse de te segurar. Queria dizer o...